A formação do clero argentino em Colégio Pio Latino-Americano. Os estudantes da diocese de Córdoba (Argentina) e a consolidação de um modelo eclesial romano (1877-1927)

Resumo

O Colégio Pio Latino-Americano, fundado em Roma em 1858, foi um marco no processo de romanização do clero argentino. O artigo busca analisar o impacto desse “grupo romano” na construção de uma matriz de formação do clero, tendo em vista que um número significativo de ex-alunos ocupou cargos docentes no seminário local. Para isso, identificamos os alunos enviados a Roma pela diocese de Córdoba entre 1877 e 1927, analisamos a composição do grupo, a formação que receberam em seus anos de instrução e reconstruímos as trajetórias pessoais no retorno. A hipótese que propomos é que a formação do clero no Colégio Pio Latino não foi promovida, no caso de Córdoba, pelos bispos diocesanos. O envio de alunos era, fundamentalmente, um interesse das famílias ricas de Córdoba, que enviavam seus filhos para estudar em Roma e os sustentavam financeiramente. Ao retornarem, ocuparam cargos de governo e administração eclesiástica. A promoção e difusão do colégio na diocese respondeu, quase exclusivamente, à iniciativa dos ex-alunos, pelo menos até 1927, quando monsenhor Emilio Laffite, ex-aluno de Pio Latino, foi nomeado bispo diocesano. Do grupo analisado, cinco alcançaram a mitra episcopal e foram destinados a outras dioceses argentinas e três deles eram arcebispos. É possível propor a construção de uma matriz romana para o governo de determinadas dioceses ou Igrejas? Este, sem dúvida, é tema de outro trabalho.